“Nasceu, nasceu,
Nasceu lá no fundão,
Nosso amiguinho,
O dentinho Bibão”
Trecho do livro “Aventuras dos dentinhos” de Tânia Rotta Oizumi e Josepha Medrano Guerero
E tem até rima para ele, que é o primeiro molar permanente e nasce por volta dos cinco ou seis anos de idade da criança, muitas vezes sem ser percebido. No total são quatro, um em cada fim da fileira de dentes.
E como comentado no último post da ortodontista Maria Dolores Fernandes, nascem sem cair nenhum dente de leite no mesmo lugar.
Eu gosto de dizer para meus pequenos pacientes: se nasceu, é bebê. E agora? Vamos cuidar bem dele, porque é assim que é: bebê pega resfriado com qualquer ventinho. E dente novo não pode ficar com restinho de alimento que a bactéria logo descobre e “pula” em cima. Vamos deixá-lo limpinho, caprichar.
Além disso, açúcar e guloseimas em geral devem ser evitados.
Toda essa conversa é importante para motivar a criança nos cuidados com o primeiro molar permanente, que é um dente que apresenta alto índice de ocorrência de cárie: aquele dente com canal, com uma peça grande, o maior problema que a pessoa teve nos dentes, uma dor inesquecível, em geral foi no primeiro molar permanente.
Mas por que tanto cuidado com este dente especificamente?
O Primeiro Molar Permanente:
:: Assim que começa a aparecer na boca, fica por um tempo numa posição de difícil acesso para a escovação.
:: Diferente dos dentes já presentes na criança, que recebem uma autolimpeza ao longo do dia pela própria mastigação e atrito entre os dentes contrários, o primeiro molar demora às vezes um ano para tocar no antagonista, o que faz com que os alimentos fiquem retidos nele por mais tempo se a escova de dente não chegar logo.
:: Apresenta uma anatomia com sulcos que retêm alimentos e que precisa de uma escovação diferenciada.
:: Nasce muito cedo e a criança ainda não tem destreza suficiente para uma boa escovação na maioria das vezes.
:: Surge numa idade em que a criança está muitas vezes se tornando independente para uma série de coisas como banho, etc. e, muitas vezes , é resistente à ajuda dos pais.
:: Algumas vezes não é identificado como dente permanente, pois nenhum dente de leite cai para o mesmo nascer, e então não recebe os cuidados mínimos necessários.
Mas o que fazer para evitar problemas com o Primeiro Molar Permanente?
1) Os pais ou responsáveis devem supervisionar a escovação do dente uma vez ao dia.
2) A escova bitufo ou unitufo é indicada para auxiliar na higienização do primeiro molar permanente quando o mesmo ainda não alcançou a posição definitiva.
3) É importante a avaliação do odontopediatra neste período para identificar se o dente apresenta algum risco maior de desenvolver cárie, seja por razões anatômicas ou de posição. E também avalia a qualidade e quantidade de esmalte, pois em alguns casos apresentam o que chamamos de Hipomineralização ou Hipoplasia de esmalte, necessitando de cuidados específicos imediatos, algumas vezes a laserterapia para diminuir a sensibilidade. Ele também avaliará se o dente está nascendo de forma adequada, em alguns casos ocorrem o que chamamos de erupção ectópica.
4) Uso inteligente do açúcar: neste período a organização dos horários e escolhas alimentares farão grande diferença para reduzir o risco à cárie.
E para finalizar, vamos ao último trecho do citado livro:
“Ele é um molar e como é grandão,
Os dentinhos vão saudar seu novo amigão”