Criança diz cada uma! Aqui temos os registros de algumas pérolas de Gabriel, Bennie, Joana e Antônio,
filhos da odontopediatra Mônica Barreto, Com ilustração de @joaobatistamelado.
Infinitos andares
“Alguém podia fazer um prédio com infinitos andares e
quem morar lá no alto vai ter que usar roupa de astronauta.”
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Lua pelo umbigo
Todos apreciam a lua, que está linda, quando Gabriel diz:
-Mamãe, a Joana também está vendo a lua!
-Mas como assim, Gabriel? Ela está dentro da minha barriga!
-Ela vê pelo umbigo!!!`
(Gabriel Ubiratan, 3 anos)
A Lua é nossa
De manhã, bastante eufórico, Gabriel olha para o céu, localiza a lua e chama a irmã.
-Bennie, vem ver a lua que apareceu agora de manhã!
E continua:
-Ela não quis ir para o Japão, ela gosta muito mais daqui!
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Ao pé da letra
Em um dia de chuva…
-Gabriel, limpe os pés no tapete para entrarmos na casa da vovó Margarida!
Gabriel para em frente ao tapete, tira a sandália, limpa os pés no tapete e calça a sandália de
novo para entrar na casa da vovó Margarida.
(Gabriel Ubiratan, 3 anos)
Pula, sapo!
Em outro dia de chuva…
-Gabriel, pula a poça d’água – diz o pai Evandro
E lá vai Gabriel, pulando dentro de cada poça d’água!
(Gabriel Ubiratan, 3 anos)
Especiais
Parei o carro em uma vaga. Mas logo percebo que deve tirar o carro dali e explico para Gabriel:
-Não posso colocar o carro aqui. É vaga para crianças especiais.
-Eu sou especial, mamãe.
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Recadinho do bem
Um garoto pede esmola no sinal e digo:
-Não tenho moeda, menino.
Gabriel, que observa a cena, dá o recado:
-Você tem que trabalhar mais, mamãe.
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Dia de Adulto
-Hoje é dia das crianças, meu filho!
-E quando é o dia dos adultos?
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Dia da Construção
-Mãe, podia ter o dia da construção.
-Como assim, Gabriel?
-Um dia onde quem não tem casa ganha uma.
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
A conta é do Papai Noel
-Mãe, eu quero um brinquedo no dia das crianças. Mas é você quem tem que comprar?
-É sim, meu filho.
-Então eu só vou querer mesmo no Natal.
Dinheiro Internacional
-Mamãe, qual a nota que mais vale no mundo todo?
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
As espaçosas
-Sabe quem tem mais espaço para andar?
E o Gabriel mesmo responde:
-As formigas!
(Gabriel Ubiratan, 7 anos)
Estado civil da galinha
-Mamãe, a galinha come ovo?
-Não, Gabriel. O ovo será o filho dela, por isso ela não come ovo.
-Mas, mamãe! Estou falando da galinha que não é casada!
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
De onde vêm tantos filhos
-Pai, para que servem as bolinhas perto do peru?
-São as sementinhas para formar os filhos.
-Mas tem que misturar com a da mãe?
-Sim, para formar os filhos.
-Pai, aí então vêm as crianças… Mas como é que você conseguiu quatro filhos se você só tem
duas bolinhas?
(Gabriel Ubiratan, 6 anos)
Todas as cores
-Puxa, meu filho. Você está tão bonito, crescendo…. Um dia você vai ficar grande e vai até
poder cuidar da mamãe quando eu ficar velhinha!
E numa expressão de susto, com desespero e já quase chorando:
-Mas, mamãe, e aí quem vai cuidar de mim?
-Meu filho, eu só vou ficar velha quando eu tiver cabelos brancos, mas aí eu pinto!
Na mesma hora a expressão de seu rosto muda e com brilho nos olhos Gabriel pede:
-Mas então você pinta de todas as cores?
(Gabriel Ubiratan, 3 anos)
Atalho
Ansioso por chegar em casa após as férias na casa da tia, Gabriel sugere:
– Será que dá para pegar o mapa e encostar Marataizes em Belo Horizonte para ir mais rápido?
(Gabriel Ubiratan, 8 anos)
Física avançada
-Não é preciso comprar uma televisão nova para o quarto da vovó. É só fazer um jogo de
espelhos da televisão da sala até aqui!
(Gabriel Ubiratan, 8 anos)
Na onda dos flashes
-Não tem problema o “flash” da nossa máquina não estar funcionando. É só bater a foto junto
com outros fotógrafos para aproveitar os “flashes”.
(Gabriel Ubiratan, 8 anos)
Receita anti-stress
Num dia de muito stress desabafo com Gabriel:
-Não durmo bem há duas noites.
Então ele fala:
-Mamãe, quer uma dica? – E continua.
-É só você deitar, pensar em algo de que gosta muito como a família. Então imagine sua
família, relaxe e fale:
“-Da hora!”
(Gabriel Ubiratan, 13 anos)
Família multicor
A família resolve assumir a casa sem ajudante externa.
Peço para Gabriel e Bennie encontrarem estratégias para lavar as roupas da casa. Bennie logo
vai dizendo:
-Precisamos de muitas bacias para separar as roupas por cor.
Gabriel pergunta:
-As roupas têm que ser separadas por cor?
-Sim, diz Bennie. Senão uma roupa pode manchar a outra.
-Então tenho uma ideia, diz Gabriel. A cada dia da semana a família toda usa uma única cor!
Na segunda-feira usamos vermelho,
na terça-feira amarelo,
na quarta-feira verde,
e assim por diante!
E é assim que inicia a aventura dos cuidados domésticos: com boas gargalhadas.
(Gabriel Ubiratan, 14 anos)
Pra inglês não ver
-Bennie, sua “festa cor-de-rosa” pode ser a “festa Pink”. Que tal?
Os olhinhos da Bennie brilharam, pois ela teve com tia Marta aula de inglês e sabe que rosa em
inglês é “Pink”. Mas, com seu espírito de inclusão, logo retrucou:
-Não, mamãe. Quero mesmo “festa cor-de-rosa”. Alguns colegas meus não sabem inglês.
(Bennie, 4 anos)
O poder do esmalte
-Bennie levou seu esmalte para a Escola. As coleguinhas sentaram-se uma ao lado da outra,
esticaram as mãozinhas e ela passou esmalte em cada uma. Em seguida orientou as colegas a
ficarem com os braços estendidos por cinco minutos, imóveis, para não estragar o esmalte.
A professora liberou para a Bennie levar o esmalte sempre que quiser pois, afinal de contas, as
crianças com dois anos de idade surpreenderam no comportamento para passar e secar o
esmalte!
(Bennie, 2 anos)
A Conclusão
Bennie juntou um real colecionando moedinhas por aí, era a sua economia e dizia que
compraria um cachorro. Um dia, resolveu levar para a escola: era melhor comprar uma pipoca.
Ao final da aula, chamou-me para comprar a pipoca, quando fez uma triste descoberta:
-Pegaram o meu dinheiro!
Bennie havia deixado a bolsinha cheia de moedas por fora da mochila, bem à vista, no pátio da
escola.
-Minha filha, você deixou a bolsinha de moedas fora da mochila, bem fácil de alguém pegar, e
olha o que aconteceu? Que conclusão você tira disso?
No que ela responde prontamente:
-Que na minha escola tem um ladrão!
(Bennie, 5 anos)
Menina de expediente
Certo dia, enquanto eu pagava a conta no cabelereiro, vi que o manobrista do salão trouxe o
meu carro. Olhei espantada, enquanto o funcionário me disse: a menina pediu para eu trazer o
carro!
(Bennie, 2 anos)
No Controle
As crianças estão dormindo no carro, menos Bennie que avisa:
-Papai, eu vou dormir. Mas abre o carro do outro lado, porque estou encostada nesta porta,
senão eu vou cair. – E continua:
-Quando chegar a mamãe pode carregar o Antônio e você me leva no colo, Gabriel pode ir
andando e Joana e as sacolas coloquem no carrinho.
E assim é a Bennie, só fecha os olhos se deixar tudo sob controle.
(Bennie, 7 anos)
Método de coar feijão
Bennie surpreendeu toda a família ao apresentar um método inovador para pegar o caldinho
do feijão:
Não encha o coador de feijão e sim o afunde na panela. O que entrar nele será o caldo. Pegue
agora com a concha o caldinho que você deseja.
(Bennie, 8 anos)
De ponta cabeça
-Mamãe, as formigas conseguem andar de cabeça para baixo?
(Bennie, 4 anos)
O Homem Formiga
– Por que nós não conseguimos andar como a formiga?
(Bennie, 4 anos)
Dinheiro fácil
-Tia Lili, que dentes são estes nestas caixinhas? –Pergunta Bennie.
-Dos seus priminhos Ian e Lara de quando eram pequenos.
-Oba! Você me dá? Vou colocar debaixo do meu travesseiro. Cada um vai virar um real. É a
fada dos dentes que coloca o dinheiro!
(Bennie, 6 anos)
Cresci
-Mas mamãe, se a fada dos dentes não existe, o papai Noel não existe, o coelhinho da páscoa
não existe, o que mais não existe?
(Bennie, 6 anos)
Os óculos
-Papai, por que você usa óculos?
-Para enxergar, minha filha.
E apontando para a prima que usa óculos:
-Ah! A Larissa também enxerga!
(Joana, 3 anos)
Lógica
-Mãe, quero água.
-Minha filha, só um pouco pois você vomitou.
-Depois que eu vomitar de novo eu quero mais um pouquinho!
(Joana, 3 anos)
Diminutivos
Às vezes, até sem perceber, usamos diminutivo com as crianças:
-Filha, olha que linda esta bonequinha.
-Me dá a mãozinha.
E por aí vai…
Mas Joana nunca gostou desta história de diminuir as coisas.
Então, em um dia de chuva, ela pediu:
-Mãe, me dá a minha “sombra”.
(Joana, 3 anos)
Gentileza
-Joana, cumprimente o “Seu” Geraldo!
– O “meu” Geraldo ?!?
(Joana, 3 anos)
Higiene
-Por que o nosso cocô não é limpo?
(Joana, 4 anos)
Pão de Sal
-Joana, você quer pão de sal com manteiga?
-Quero, mas bem pouco.
-Pouco o quê? Manteiga ou Pão?
-Pouco sal!
(Joana, 4 anos)
Adivinha
Eliete, nossa ajudante, ficou grávida e foi comunicar:
-Crianças, eu estou esperando um neném!
– e Joana completa:
-Um nenê não. Na sua barriga tem dois bebês.
Ao ultrassom, qual não foi a surpresa: foi constatada a gravidez de gêmeos.
(Joana, 5 anos)
Desistindo de ser mãe
Voltando da Escola da Serra, passamos por momentos tumultuados dentro do carro. Muita
briga, choradeira, paro o carro, desce criança, conversa séria, volta criança, a paciência por um
fio. Finalmente chegamos à garagem, e ao descer do carro Joana suspira fundo e diz:
-Quando crescer não vou querer ser mãe, é muito difícil!
Mil filhos
37 Dias depois…
-Veja Joana – falei – Que bacana é ter muitos irmãos! Fica super divertida a brincadeira! E
quantos brinquedos vocês têm! Juntando tudo dá um montão!
-É, mãe… vou querer ter mil filhos!
(Joana, 5 anos)
Animais de estimação
-Mãe, compra uma bacia? Eu vou colocar nela um sapo de papel e colar umas ondas de papel e
fazer de conta que temos um bichinho de estimação! – E se explicando:
-Mãe, é que eu sinto falta de ter um bichinho de estimação aqui em casa! – E resolvemos
adotar dois cachorrinhos!
(Joana, 4 anos)
Pintando a idade
Evandro, bem de manhazinha, chega perto de Joana puxando assunto:
-É, Joana, você é legal! Gosta de pintar o sete!
-Pai, quem pinta o sete é a Bennie, eu pinto é o cinco!
(Joana, 5 anos)
Tonhão
A nossa família está crescendo muito rápido, e a pessoa maior de nossa família é o Tonhão
(nosso querido amigo Tonhão é realmente muito alto).
(Joana, 4 anos)
O poder da mãe
Joana leva um tombo na escola e estão todos apreensivos pela sua reação. A Kátia, professora
de Tai-chi pergunta:
-O que você está sentindo, Joana?
-Sinto que mamãe vai chegar logo e tudo vai ficar bem!
(Ela caiu de uma árvore, bateu a cabeça, chegou a vomitar e enxergava tudo preto e branco.
No hospital fez tomografia e ficou em observação. Melhorou e foi liberada em algumas horas.
Foi mesmo um susto! Mas ela sentia que tudo ia dar certo. E deu, graças a Deus!)
(Joana, 5 anos)
Pilhas
-O que acende o sol são as pilhas. As pilhas gastam, fica de noite. Aí o Papai do Céu põe pilha
nova para ficar de dia.
-De onde você tirou esta ideia, Joana?
-Da conversa que eu ouvi sobre as pilhas!
(Joana, 5 anos)
O Acordo
Ao observar que dei umas balinhas para o pedinte no sinal, Joana diz:
-Mamãe, quando um ladrão te pedir balinha, você fala assim:
-Eu só te dou balinha se você “ser” bonzinho!
(Joana, 5 anos)
Matemática inclusiva
A dona da padaria pergunta:
-São quantos meninos e quantas meninas na sua casa?
-3 meninos e 3 meninas: 4 filhos, papai e mamãe.
(Joana, 5 anos)
Óculos que funcionam
A mãe indaga:
-Bennie e Gabriel: vocês estão brincando com meus óculos escuros. Cuidado! Devolvam-me os
óculos escuros funcionando!
E Joana pergunta:
-Mamãe, seus óculos têm pilhas?
(Joana, 6 anos)
O milagre
Na fazenda da tia Rosinha e tio José Helvécio, em Astolfo Dutra – hoje Pousada Usina Paraíso:
Mamãe, veja como nossas sombras juntas se parecem um anjo.
E lembrando do acidente do Antônio quando tinha dois aninhos, no qual Joana é que foi a
primeira a vê-lo afogado:
-Minha filha, você é para mim uma anjinha, foi a principal a salvar o Antônio quando afogou.
-Não, mamãe, o principal foi Jesus, que colocou uma boia invisível debaixo dele, para que ele
boiasse e eu chamasse a Bennie para pegá-lo.
(Joana, 5 anos)
A curiosa
Tentando arrumar um assunto para Joana conversar com tia Rosinha, arrisco:
-Joana, pergunta para tia Rosinha quantos filhos ela tem.
-Pergunta você, mamãe. Você é que está curiosa!
(Joana, 5 anos)
Valores
Ao aventar a possibilidade de comprar a quota de um clube, comentei ser muito cara e que
papai e eu estávamos vendo se iria dar para adquiri-la.
Joana logo associa o fato de ser muito cara com a necessidade de eu ter que trabalhar mais e
solta esta:
-Mamãe, preferimos não ter esta quota e você continuar a almoçar conosco todos os dias e
estar com a gente depois da aula também. É bem melhor!
(Joana, 6 anos)
Que dó!
-Gente, tem uma barata aqui no banheiro! -Diz Antônio, com 6 anos.
Evandro pede a Joana, 7 anos, a corajosa da casa, para matar a barata. Mas ela logo retruca:
-Não, pai, esta eu não vou matar. Ainda é bebezinha!
(Joana, 7 anos)
Matemática
Na primeira semana na escola nova, o pai de sua colega pergunta a Joana se está gostando. Ela
diz que é difícil os primeiros dias. Ele, para animá-la, completa:
-Não se preocupe, em poucos dias você estará cheia de amigos!
E Joana responde:
-É… Não sei não… levei cinco anos para fazer duas amigas na outra escola!
(Joana, 8 anos)
Cara das árvores
-Joana, estou cansada de tanta chuva! – Disse eu.
-É, mãe… E pela cara das árvores elas também estão enjoadas de tanta água!
(Joana, 9 anos)
Sabida
-Estou estudando que na terra ¾ é água.
-É, Joana! Já pensou na terra quando vista do espaço? Fica toda azul e de deve ser a coisa mais
linda do mundo!
-No caso, mamãe, a coisa mais linda do Universo!
(Joana, 9 anos)
Desmimar
Joana pergunta:
-E quando foi mesmo que você nos desmimou?
-Você está querendo dizer desmamou?
-Não. Estou falando de desmimar, que é quando você mandou embora aquele monte de
empregadas!
(Joana, 10 anos)
A Paz
É manhã. Estou no carro com Joana e Antônio indo para a aula de inglês.
-A manhã está tão linda, eu vejo a Paz em tanta coisa! Sabe onde eu mais vejo a Paz? –
Pergunto.
-Na vovó Margarida! – diz logo Joana.
(Joana, 10 anos)
Nome afetivo
-Babiel! ( É como ele chama o irmão Gabriel).
(Antônio, 2 anos)
Na defesa
Após passar por um afogamento, Antônio já nadou em piscinas sem problema. Mas o mar é
um desafio. Sentado ao meu lado debaixo da barraca, insisto para entrarmos na água, mas
retruca: “Você zá quási morreu alguma vez?”
(Antônio, 2 anos)
Defesa 2
-Antônio, a Soninha já falou para você não colocar o adesivo na pele, disse Bennie, você sabe
que gruda!
E Antônio argumenta:
-É que o adesivo é amigo da pele!
(Antônio, 4 anos)
Palavra nova
“Pensia” que era assim!
Pensia = Pensava
(Antônio, 3 anos)
Ser mãe
Às 2:20 horas da madrugada, Antônio me chama para fazer leite com Nescau.
Concordo em levantar, mesmo que meio sonâmbula, pois ele dormiu ao voltar da escola e
estaria de fato com fome.
Antônio se senta no banquinho da cozinha, debruça na pedra da bancada e filosofa:
“-Cada mãe tem que cuidar de seu filho!”
(Antônio, 3 anos)
Visitas noturnas
Após acordar-me de madrugada para tomar leite, Antônio vai para a minha cama.
-Antônio, vamos para o seu quarto, eu deito com você, meu filho.
Assim que deitamos ele pergunta:
-Você gosta do meu quarto?
-Sim, gosto. A sua cama foi minha antes de eu me casar, gosto de seu quarto sim.
-E eu gosto de seu quarto!
Dormi meio perplexa, acho que fui meio manipulada para liberar visitas noturnas no meu
quarto…
(Antônio, 3 anos)
Sem firula
-Meu filho, escolha um destes botões para colocar em sua blusa: este parece um gato, tem
este que parece um elefante, este que parece uma casinha, e mais estes todos. Qual você
quer?
-Este: porque parece um botão.
(Antônio, 3 anos)
Coisa de gente velha
-Mãe, está pesada a sua sacola, cuidado com a sua coluna!
-Antônio, você pendurado aí e pulando, cuidado com a sua também!
-Eu? Eu nem tenho coluna!
(Antônio, 3 anos)
O regime
Estava na casa de minha mãe e disse:
-Antônio, vou levar este Ovomaltine para mim. Eu adoro! E vovó não está tomando mais para
não engordar.
E no seu costumeiro falar lento e sábio:
-E você? Quer engordar, mamãe?
(Antônio, 5 anos)
Reconhecimento
-Mãe, você deveria ter só um filho para não ter tanto trabalho!
(Lógico que fiquei feliz pela sensibilidade dele, mas justifiquei toda a felicidade que me dá todo
este trabalho!)
(Antônio, 5 anos)
Catecismo
-Mamãe, primeiro Deus fez o ladrão. E então fez uma mulher para ele.
-Antônio, é Adão, Deus fez o A-dão.
Um pouco mais tarde:
-Vovó, primeiro Deus fez o anão…
(Antônio, 5 anos)
Tipo assim
Ao fazer pesquisa sobre fábula, digo a ele:
-Agora, Antônio, escreva “Exemplo”.
Antônio prontamente retruca:
-Não, não vou escrever “Exemplo”. Vou escrever “Tipo”. E assim continuou a pesquisa usando
a palavra “tipo” no lugar de “exemplo”.
(Antônio, 6 anos)
Cultura Linguística
Leio para ele o seguinte quadrinho:
“-Como estão esses tomates resistentes às pragas?”
“-Ainda têm pragas. É preciso chamar a bruxa!”
E resolvo fazer um comentário:
-E aí, Antônio, são as bruxas que acabam com as pragas das plantas?
E ele responde prontamente:
-Naaaão! É o menino do dedo verde!
(Antônio, 6 anos)
Trocadilho
Na escola a professora leu um livro sobre os olhos, os cuidados a respeito, como fazer se
entrar um cisco no olho, etc. Em seguida passou para outra atividade. Antônio viu seu colega
Francisco e, ainda fixado na atividade anterior, falou:
-Francisco, caiu um cisco no seu nome!
(Antônio, 6 anos)
A mãe tubarão
Domingo de carnaval. Evandro sai com Gabriel para passear com vovô e vovó. Estou gripada,
está frio e chove o tempo todo. Os três (Joana, Bennie e Antônio) querem brincar em casa.
Ficamos. A brincadeira? Cada um fez um barco em sua própria cama, a casa toda era o mar.
Que criatividade! Tinha mastro, bandeira, binóculo, óculos especiais para neblina, mapa do
tesouro. E, então, caixa de papelão, pedaço de pau, até jogo de futebol daqueles que têm
preguinho (era o acionador de canhão), tudo era transformado em equipamento. Achei o
máximo o entrosamento e a capacidade de criar!
Ah! E se eu pisasse no chão, que era o mar, tornava-me então um grande e perigoso tubarão.
(Bennie, Joana e Antônio com respectivamente 10, 8 e 7 anos)
Ordem cumprida
Estava gripada, de cama, e pedi ajuda ao pequeno Antônio:
-Antônio, vá ao banheiro e traga papel higiênico para a mamãe, por favor.
Ele prontamente atendeu ao meu pedido. Recebi em minhas mãos o que pedi. O pequeno
Antônio, com três anos, entregou-me a ponta do papel higiênico, que veio puxando desde o
banheiro sem destacar o papel!
(Antônio, 3 anos)
Lógica inversa
Apontando para a minha sandália Antônio diz:
-Mamãe, por que você chama “isso” de salto alto, se só dá para fazer salto baixo com ela?
(Antônio, 7 anos)
Declaração
-Mãe, sabe o que eu mais gosto de fazer quando acordo? Ver você!
(Antônio, 7 anos)
A solução
Ao experimentar uma bermuda branca para o casamento de minha prima Carol, Antônio
indigna-se ao observar que não cabe mais na roupa:
-Mãe, as roupas “podiam” crescer junto com a gente!
(Antônio, 7 anos)
Aquele treco
Ao saber que Mel, nossa cachorrinha, terá filhotes, Antônio exclama:
-Mas… Que cachorro fez aquele “treco” com a Mel?
(Antônio, 7 anos)
Filosofando
Pergunta do Para Casa de Antônio:
Sobre qual assunto você acha que fala um caderno de jornal com o nome “Morar bem”?
Após instantes de silêncio, Antônio responde: Psicologia.
-Mas meu filho, você pode me explicar melhor a sua ideia?
-Só pode morar bem quem está bem consigo mesmo, com os irmãos e com os vizinhos.
(Antônio, 8 anos)
Na Paz
É janeiro, férias. Estamos numa pousada em Marataizes. Antônio tem gostado de usar cabelos
compridos.
Um garoto de sua idade chega para ele e diz:
-Você precisa cortar este cabelo.
E Antônio, calmo como é, responde de forma concisa, segura e sem perder a doçura:
-Muita gente diz isso para mim.
(Antônio, 8 anos)